23/05/2020

Street Fighter 30th Anniversary Collection: Um banquete sofisticado para todos os fãs!

Senhores, eu adoro comer! E a Capcom nos serviu muito bem com a sua coletânea caprichada de Street Fighter! O segundo título da série, Street Fighter II, dispensa apresentações: é talvez um dos jogos de luta mais importantes e influentes de todos os tempos. Não criou o gênero, mas o revolucionou ao apresentar paradigmas e níveis de qualidade difíceis de superar, influenciando muito outros jogos. E se vocês já experimentaram esse título ao menos uma vez, é claro que já sabiam de tudo isso, e este parágrafo serve como uma introdução bastante clichê (porém correta) para a minha crítica sobre a coletânea Street Fighter 30th Anniversary Collection.


O intuito inicial dessa postagem era não apenas analisar a coletânea como um todo, descrevendo todo o seu imenso conteúdo e detalhando o seu desempenho técnico, mas também apresentar cada jogo, suas minúcias e discrepâncias. Porém, fazer todo esse trabalho seria redundante, e você entenderá o porquê já nos próximos parágrafos. A coletânea reúne 12 títulos, e dentre eles temos o primeiro Street Fighter, todas as 5 versões de Street Fighter II (a versão para Switch ainda inclui de forma exclusiva o Super Street Fighter II: The Tournament Battle), toda a trilogia Street Fighter Alpha e as 3 versões do Street Fighter III (que merecem a nossa atenção, pois apenas o Dreamcast possuía todas as versões de Street Fighter III antes desse lançamento).

A apresentação da coleção é incrível: nostálgica até o talo, conta com ilustrações oficiais se movimentando lentamente pela tela enquanto navegamos pelos menus. De cara, temos uma surpresa: a opção Museu reúne a história (organizada de forma cronológica, com todos os grandes acontecimentos — e lançamentos — da série, incluindo também todas as artes oficiais lançadas até então), perfis dos personagens (com descrições e animações de sprites de várias versões), músicas (todas elas) e ainda muitos documentos de todo o processo de criação dos jogos. É literalmente um museu digital riquíssimo para total deleite dos fãs. Corro o risco de "chover no molhado" ao tentar reunir todo o conteúdo da série, pois a Capcom conseguiu entregar muito conteúdo nessa coletânea :)

A história dos 30 anos de Street Fighter, organizada cronologicamente, com explicações detalhadas e todas as artworks já lançadas...
Uma das artworks do jogo 'Street Fighter III: 3rd Strike'. Repare: é a quarta de um total de 24 artes!
Storyboards dos finais de Street Fighter II: material riquíssimo para todos que se interessam pelo seu desenvolvimento (e de softwares em geral).
Mas é claro que "uma coletânea não se faz apenas com extras" (por mais interessantes que sejam), e a grande lista de jogos presentes também se apresenta de forma "soberba", executando as versões originais de fliperamas através da emulação. Espere desfrutar toda a direção de arte com o máximo de crocância (nitidez) possível! Existem 3 opções de exibição de imagem: TV (scanlines), Arcade (filtro sutil de suavização) e Desligar (sem filtros). Se os seus olhos não se acostumarem com a imagem "nua e crua", recomendo utilizar o filtro de Arcade, que ameniza excessos visuais sem precisar acrescentar scanlines (adoro elas na TV de Tubo, mas não suporto sua simulação digital). Existem também 3 opções de proporção: original (com a tela centralizada e em resolução real, sem distorções), tela cheia (a altura ocupa a tela toda, escondendo um pouco da parte de cima da imagem) e larga (altura e largura ocupando toda a tela, péssimo).

Meu combo visual é 'imagem sem filtro' + 'tela cheia' pois gosto de crocância, mas sem distorções! Eu juro que os joelhos do Sagat são assim mesmo! 0_0
Aliás, a performance dos jogos é outro ponto que merece elogios: todos são executados de forma fiel, com 60 quadros por segundo e resposta perfeita aos controles. É possível alterar a dificuldade, o valor do dano e a velocidade dos jogos de forma rápida e fácil, dentro do próprio menu da coletânea (alguns títulos não possuem todas as opções citadas). E para a nossa surpresa, o Street Fighter III: 2nd Impact possui o recurso inusitado de exibição em widescreen (sem distorções)! Isso mesmo, você poderá jogá-lo ocupando toda a tela do seu monitor de alta resolução. Para ativar o recurso, basta acessar a tela de "Opções" do game.

A animação da Elena "jogando" capoeira é uma das coisas mais belas que já vi em um game de luta! E sim, temos um macaquinho em São Paulo! ^_^
Urien recebe um chute de Elena! É um espetáculo ver isso em movimento, com tantos frames de animação e em widescreen! Dica: na seleção de personagens, use CHUTE FORTE para selecionar os personagens em sua cor original!
Além de todo o conteúdo disponível no museu digital da coleção, o jogador ainda poderá ler mais detalhes sobre os jogos (incluindo as diferenças que existem entre as versões e também dicas e truques) selecionando a opção "Informações de jogo". E claro, os jogos podem ser acessados instantaneamente e sem nenhum tipo tela de carregamento. Quase uma coletânea perfeita, não é mesmo? Infelizmente há pequenas ressalvas: por estarmos desfrutando das versões originais de fliperama dos jogos, alguns deles contam com a dificuldade "papa fichas" da época.

Quem espera ter a mesma experiência encontrada nas conversões domésticas de Street Fighter II pode se sentir um pouco frustrado, pois a IA (inteligência artificial) dos oponentes em algumas edições do jogo realmente "trapaceia" para derrotar o jogador e fazê-lo ir para a tela de continue "inserir mais uma ficha". Uma exceção à regra é o espetacular Super Street Fighter II: The New Challengers, que possui a mesma configuração de dificuldade das versões domésticas (provalmente por ter sido feito para a placa de fliperama CPS2, a mesma da série Street Fighter Alpha e Marvel Vs). Tentando contornar isso, a coletânea oferece uma opção de save states, permitindo que o jogador repita as lutas quantas vezes quiser até passar pelo oponente. Entre o ideal e o mais fácil, optaram pelo possível.

Quase todas as edições do Street Fighter II antes da edição "Super", mesmo com uma 'IA trapaceira', são possíveis de terminar com esforço e dedicação com apenas uma ficha. E claro, temos save states caso falte paciência para terminar alguma versão :)
É importante compreender que as opções de dificuldade nas versões de Street Fighter II para a placa de arcade CPS1 (Street Fighter: The World Warrior, Street Fighter II: Champion Edition e Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting não alteram a dificuldade em si e sim adiam a luta em que o jogador terá que lidar com a IA "trapaceira". É possível passar por elas com dedicação e insistência, porém existe um dos títulos em que a dificuldade ultrapassa os limites do aceitável: estou falando do Super Street Fighter II Turbo, a versão que foi considerada definitiva de Street Fighter II por muitos anos. Infelizmente a coletânea não possui os lançamentos japoneses, sendo que a versão Super Street Fighter II X: Grand Master Challenge detém uma dificuldade muito mais justa. Mesmo tendo sido produzido para CPS2 e com save states à minha disposição, terminar Super Street Fighter II: Turbo sem usar continues para enfrentar Akuma (chefe final secreto do game) é uma tarefa árdua e que considerei muito pouco recompensadora.

Eu adoraria dizer que cheguei ao Akuma com esforço e dedicação, mas foi mais sorte e save states mesmo! 'Super Street Fighter II Turbo' trapaceia demais, ignorando a nossa defesa ou prolongando um agarrão até a nossa vida quase acabar! :(
Felizmente o mesmo não pode ser dito dos outros títulos. Todas as versões de Street Fighter Alpha e Street Fighter III possuem níveis maiores de customização de dificuldade, permitindo criar uma experiência mais próxima de suas versões domésticas. Terminei dias atrás a trilogia Street Fighter Alpha com uma única ficha inclusive. Aliás, quase me esqueci: o modo versus permite jogar o famoso multiplayer local (ou seja: enfrentar alguém aí na sua casa ^_^). Você escolhe o jogo, o estágio em que a luta será realizada, e por último cada player seleciona o seu personagem. O mesmo se aplica ao modo de treinamento, que se limita a alguns dos jogos da coletânea. São eles: Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting, Super Street Fighter II: Turbo, Street Fighter Alpha 3 e Street Fighter III: 3rd Strike.

As opções da coletânea funcionam de forma homogênea com os jogos executados, criando uma experiência bastante completa.
Aliás, essa é a mesma lista de games disponíveis no multiplayer online, que propicia aos jogadores a chance de se digladiarem com todo o conforto (e problemas) que uma conexão de internet pode oferecer. Infelizmente ainda não pude experimentá-lo, mas assim que o fizer, acrescentarei minhas impressões ao texto.

Street Fighter Alpha 2 e 3 estão em suas versões originais, ou seja: contam com menos personagens do que outros relançamentos. Não vi isso como um problema.
Pela primeira vez depois de muitos anos, temos as 3 versões de Street Fighter III reunidas em uma coletânea; toda a trilogia Street Fighter Alpha sem loadings e cortes; todas as versões de Street Fighter II em seu máximo de qualidade e claro, STREET FIGHTER original, o jogo que serviu de base para todos eles. Clichê ou não, revezar entre quase todos os lançamentos da série em questão de segundos é um "luxo" que os hardwares atuais podem nos oferecer, e Street Fighter 30th Anniversary Collection comemorou os 30 anos de Street Fighter com muita competência.

Ps: A fonte da imagem de capa é um ensaio maravilhoso com a modelo Yuka Kuramochi, e você pode conferir todas as fotos clicando AQUI!

E é isso aí. #FiqueEmCasa

4 comentários:

  1. Excelente texto, Jorge!
    Eu também tô no time que tem uma certa aversão (por assim dizer) de "scanlines digitais", acho que prefiro jogar com tudo desligado.
    Pior que eu comprei a coletânea pro Switch e não tirei do plástico, grande pecado. Vou fazer isso com o tempo, só estou esperando a oportunidade perfeita. Aí fico lá babando nas artes, músicas, etc. E tento finalmente terminar o bendito do SF1 que eu só passei vergonha nas poucas vezes que joguei. Inclusive há alguns anos joguei no Arcade original e não passei da segunda luta... kkkkkkk. Eu sou uma piada em jogos do gênero, mas enfim, me divirto contra o PC.
    Valeu!

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    1. Muuuito obrigado pelos elogios, Cadu! E uau, ter a edição física é uma dadiva. Quando a oportunidade chegar, tenho certeza que você irá aproveitar bastante a coletânea!

      Um abraço!

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  2. Muito boa a analise, Jorge. Essa coletânea é algo que estou namorando à algum tempo, mas que por enquanto não surgiu uma janela de possibilidade.Ler sua analise me animei bastante, principalmente com a maneira como descreveu sua experiência com o jogo.

    Gosto bastante do Street Fighter 3 Third Impact, creio que foi um dos meus favoritos da franquia no Dreamcast. Creio que a Capcom foi bem feliz com a coletânea, assim como a do Beat'em Up.

    Não sou lá um exímio jogador de SF, mas ainda me divirto passando raiva apanhando da maquina, hahaha!

    Abraço

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  3. Street Fighter para quem acompanha desde o Super Nintendo e Mega ou arcades, é mais que um clássico. O game faz parte da cultura gamer das nossas vidas! É uma franquia que sempre revisito, jogo, assisto algo sobre ou leio. Ultrapassou e muito a barreira do jogo em si. Maravilhoso!

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