Senhores, eu
adoro comer! E a
Capcom nos serviu muito bem com a sua coletânea caprichada de Street Fighter! O segundo título da série,
Street Fighter II, dispensa apresentações: é talvez
um dos jogos de luta mais importantes e influentes de todos os tempos. Não criou o gênero, mas o revolucionou ao apresentar
paradigmas e níveis de qualidade difíceis de superar, influenciando muito outros jogos. E se vocês já experimentaram esse título ao menos uma vez, é claro que já sabiam de tudo isso, e este parágrafo serve como uma introdução bastante clichê (porém correta) para a minha crítica sobre a coletânea
Street Fighter 30th Anniversary Collection.
O intuito inicial dessa postagem era não apenas analisar a coletânea como um todo,
descrevendo todo o seu imenso conteúdo e detalhando o seu desempenho técnico, mas também apresentar cada jogo, suas minúcias e discrepâncias. Porém, fazer todo esse trabalho seria
redundante, e você entenderá o porquê já nos próximos parágrafos. A coletânea reúne
12 títulos, e dentre eles temos o primeiro
Street Fighter, todas as 5 versões de
Street Fighter II (a versão para Switch ainda inclui de forma exclusiva o
Super Street Fighter II: The Tournament Battle), toda a trilogia S
treet Fighter Alpha e as 3 versões do
Street Fighter III (que merecem a nossa atenção, pois apenas o
Dreamcast possuía todas as versões de
Street Fighter III antes desse lançamento).
A apresentação da coleção é
incrível: nostálgica até o talo, conta com ilustrações oficiais se movimentando lentamente pela tela enquanto navegamos pelos menus. De cara, temos uma surpresa: a opção
Museu reúne a
história (organizada de forma cronológica, com todos os grandes acontecimentos — e lançamentos — da série, incluindo também
todas as artes oficiais lançadas até então),
perfis dos personagens (com descrições e animações de sprites de várias versões),
músicas (todas elas) e ainda muitos documentos de todo o
processo de criação dos jogos. É literalmente um
museu digital riquíssimo para total deleite dos fãs. Corro o risco de "chover no molhado" ao tentar reunir todo o conteúdo da série, pois a
Capcom conseguiu entregar muito conteúdo nessa coletânea :)
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A história dos 30 anos de Street Fighter, organizada cronologicamente, com explicações detalhadas e todas as artworks já lançadas... |
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Uma das artworks do jogo 'Street Fighter III: 3rd Strike'. Repare: é a quarta de um total de 24 artes! |
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Storyboards dos finais de Street Fighter II: material riquíssimo para todos que se interessam pelo seu desenvolvimento (e de softwares em geral). |
Mas é claro que "uma coletânea não se faz apenas com extras" (por mais interessantes que sejam), e a grande lista de jogos presentes também se apresenta de forma "soberba", executando as
versões originais de fliperamas através da
emulação. Espere desfrutar toda a direção de arte com o máximo de
crocância (nitidez) possível! Existem 3 opções de exibição de imagem:
TV (
scanlines),
Arcade (filtro sutil de suavização) e
Desligar (sem filtros). Se os seus olhos não se acostumarem com a imagem "nua e crua", recomendo utilizar o filtro de
Arcade, que ameniza excessos visuais sem precisar acrescentar
scanlines (adoro elas na TV de Tubo, mas não suporto sua simulação digital). Existem também 3 opções de
proporção:
original (com a tela centralizada e em resolução real, sem distorções),
tela cheia (a altura ocupa a tela toda, escondendo um pouco da parte de cima da imagem) e
larga (altura e largura ocupando toda a tela, péssimo).
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Meu combo visual é 'imagem sem filtro' + 'tela cheia' pois gosto de crocância, mas sem distorções! Eu juro que os joelhos do Sagat são assim mesmo! 0_0 |
Aliás, a
performance dos jogos é outro ponto que merece elogios: todos são executados de forma fiel, com
60 quadros por segundo e resposta
perfeita aos controles. É possível alterar a
dificuldade, o
valor do dano e a
velocidade dos jogos de forma rápida e fácil, dentro do próprio menu da coletânea (alguns títulos não possuem todas as opções citadas). E para a nossa surpresa, o
Street Fighter III: 2nd Impact possui o recurso inusitado de exibição em
widescreen (sem distorções)! Isso mesmo, você poderá jogá-lo ocupando toda a tela do seu monitor de
alta resolução. Para ativar o recurso, basta acessar a tela de "Opções" do game.
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A animação da Elena "jogando" capoeira é uma das coisas mais belas que já vi em um game de luta! E sim, temos um macaquinho em São Paulo! ^_^ |
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Urien recebe um chute de Elena! É um espetáculo ver isso em movimento, com tantos frames de animação e em widescreen! Dica: na seleção de personagens, use CHUTE FORTE para selecionar os personagens em sua cor original! |
Além de todo o conteúdo disponível no museu digital da coleção, o jogador ainda poderá ler
mais detalhes sobre os jogos (incluindo as diferenças que existem entre as versões e também dicas e truques) selecionando a opção "Informações de jogo". E claro, os jogos podem ser acessados instantaneamente e
sem nenhum tipo tela de carregamento. Quase uma coletânea perfeita, não é mesmo? Infelizmente há
pequenas ressalvas: por estarmos desfrutando das versões originais de fliperama dos jogos, alguns deles contam com a dificuldade "papa fichas" da época.
Quem espera ter a mesma experiência encontrada nas
conversões domésticas de
Street Fighter II pode se sentir um pouco frustrado, pois a
IA (inteligência artificial) dos oponentes em algumas edições do jogo realmente "trapaceia" para derrotar o jogador e fazê-lo ir para a tela de continue "inserir mais uma ficha". Uma exceção à regra é o espetacular
Super Street Fighter II: The New Challengers, que possui
a mesma configuração de dificuldade das versões domésticas (provalmente por ter sido feito para a
placa de fliperama CPS2, a mesma da série
Street Fighter Alpha e
Marvel Vs). Tentando contornar isso, a coletânea oferece uma opção de
save states, permitindo que o jogador repita as lutas
quantas vezes quiser até passar pelo oponente. Entre o ideal e o mais fácil, optaram pelo
possível.
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Quase todas as edições do Street Fighter II antes da edição "Super", mesmo com uma 'IA trapaceira', são possíveis de terminar com esforço e dedicação com apenas uma ficha. E claro, temos save states caso falte paciência para terminar alguma versão :) |
É importante compreender que as opções de dificuldade nas versões de
Street Fighter II para a
placa de arcade CPS1 (
Street Fighter: The World Warrior,
Street Fighter II: Champion Edition e
Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting não alteram a dificuldade em si e sim
adiam a luta em que o jogador terá que lidar com a IA "trapaceira". É possível passar por elas com dedicação e insistência, porém existe um dos títulos em que a dificuldade ultrapassa os
limites do aceitável: estou falando do
Super Street Fighter II Turbo, a versão que foi considerada
definitiva de
Street Fighter II por muitos anos. Infelizmente a coletânea não possui os lançamentos japoneses, sendo que a versão
Super Street Fighter II X: Grand Master Challenge detém uma dificuldade
muito mais justa. Mesmo tendo sido produzido para CPS2 e com save states à minha disposição, terminar
Super Street Fighter II: Turbo sem usar continues para enfrentar Akuma (chefe final secreto do game) é uma tarefa árdua e que considerei
muito pouco recompensadora.
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Eu adoraria dizer que cheguei ao Akuma com esforço e dedicação, mas foi mais sorte e save states mesmo! 'Super Street Fighter II Turbo' trapaceia demais, ignorando a nossa defesa ou prolongando um agarrão até a nossa vida quase acabar! :( |
Felizmente o mesmo não pode ser dito dos
outros títulos. Todas as versões de
Street Fighter Alpha e
Street Fighter III possuem níveis maiores de
customização de dificuldade, permitindo criar uma experiência mais próxima de suas
versões domésticas. Terminei dias atrás a trilogia
Street Fighter Alpha com uma única ficha inclusive. Aliás, quase me esqueci: o modo
versus permite jogar o famoso
multiplayer local (ou seja: enfrentar alguém aí na sua casa ^_^). Você escolhe o jogo, o estágio em que a luta será realizada, e por último cada player seleciona o seu personagem. O mesmo se aplica ao modo de
treinamento, que se limita a alguns dos jogos da coletânea. São eles:
Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting,
Super Street Fighter II: Turbo,
Street Fighter Alpha 3 e
Street Fighter III: 3rd Strike.
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As opções da coletânea funcionam de forma
homogênea com os jogos executados, criando uma experiência
bastante completa. |
Aliás, essa é a mesma lista de games disponíveis no
multiplayer online, que propicia aos jogadores a chance de se digladiarem com todo o conforto (e problemas) que uma
conexão de internet pode oferecer. Infelizmente ainda não pude experimentá-lo, mas assim que o fizer,
acrescentarei minhas impressões ao texto.
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Street Fighter Alpha 2 e 3 estão em suas versões originais, ou seja: contam com menos personagens do que outros relançamentos. Não vi isso como um problema. |
Pela primeira vez depois de
muitos anos, temos as
3 versões de Street Fighter III reunidas em uma coletânea; toda a trilogia Street Fighter Alpha
sem loadings e cortes; todas as versões de Street Fighter II
em seu máximo de qualidade e claro,
STREET FIGHTER original, o jogo que serviu de
base para todos eles. Clichê ou não, revezar entre quase todos os lançamentos da série em questão de
segundos é um "luxo" que os hardwares atuais podem nos oferecer, e
Street Fighter 30th Anniversary Collection comemorou os 30 anos de Street Fighter com muita competência.
Ps: A fonte da imagem de capa é um ensaio maravilhoso com a modelo
Yuka Kuramochi, e você pode conferir todas as fotos clicando
AQUI!
E é isso aí.
#FiqueEmCasa